quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ipanguaçu cidade que lê


Mote sugerido pelo Poeta Luiz Miguel.

"Toda casa de taipa abandonada
  Mora o grito da fome dentro dela"




A miséria rondando o seu terreiro
A angústia já foi sua inquilina
O retrato cruel da triste sina
Por mobília uma mesa e candeeiro
Um banquinho a sombra do umbuzeiro
Só o vento ainda bate na cancela
E num canto um pote nos revela
Que ali de alguém já foi morada
Toda casa de taipa abandonada
Mora o grito da fome dentro dela


Uma pedra de mó, um enxadeco
Uma foice no chão desencabada
No muturo da casa abandonada
Por brinquedo os restos de um boneco
Uma quartinha quebrada, um caneco
Um moinho de pedra, uma gamela
E a porta entre aberta sem tramela
Denuncia o fim de uma jornada
Toda casa de taipa abandonada
Mora o grito da fome dentro dela


Foi ali que alguém nasceu, viveu
Sem direitos, sem vez, desassistido
Pelo resto do mundo esquecido
Esquecido do mundo ali morreu
Por herança deixou a um filho seu
Um viver semelhante na favela
E em cima do fogão uma panela
Sem comida há tempos emborcada
Toda casa de taipa abandonada
Mora o grito da fome dentro dela

Poeta João Luciano Tenório.

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