A vitória apertada prenuncia um segundo mandato muito mais difícil para a petista. Na última semana da corrida eleitoral, o escândalo do petrolão atingiu em cheio a presidente e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme VEJA revelou, o doleiro Alberto Youssef, por um acordo de delação premiada, afirmou à Polícia Federal que tanto ela como Lula sabiam dos esquema de desvios na Petrobras, investigados no âmbito da Operação Lava Jato. A corrida eleitoral acabou, e Dilma tem agora de lidar com os desdobramentos do caso.
Ao mesmo tempo, terá de enfrentar uma oposição revigorada e o cenário desolador de recessão técnica com inflação em alta. A combinação de um escândalo de proporções inéditas, cujos ingredientes vêm todos de investigações oficiais, adversários fortalecidos e economia em crise pode envolver Dilma numa tempestade perfeita.
Mas, antes mesmo de estrear o novo mandato, a presidente tem de decidir se vai ignorar o ponto de vista de quase metade do eleitorado ou adequar suas políticas para levá-lo em conta. A estreita diferença entre os candidatos é reflexo de uma corrida eleitoral cercada de reviravoltas, pontuada por uma tragédia e que entrará para a história pela agressividade de que o partido da presidente fez uso para não deixar o poder. Como prenunciou Dilma em março de 2013, o PT "fez o diabo" nesta campanha. No primeiro turno, a máquina de propaganda petista voltou sua artilharia contra Marina Silva, que se tornou cabeça de chapa do PSB após a morte de Eduardo Campos e em pouco tempo ascendeu nas pesquisas. Desidratada, Marina não chegou ao segundo turno.
Foi, então, a vez de Aécio Neves tornar-se alvo do PT. Com eficiência incomparável, a máquina petista construiu a narrativa segundo a qual o tucano desrespeita as mulheres e foi agressivo com a chefe da nação. A partir dali, o PT aumentou a quantidade de golpes abaixo da linha da cintura. Eleita, Dilma leva a sigla a um marco histórico: o Partido dos Trabalhadores se torna a única sigla a vencer quatro eleições diretas seguidas para o Palácio do Planalto.
A trajetória de Dilma Rousseff.
Dilma Rousseff com a mãe, o pai e o irmão mais velho
Nasceu em Belo Horizonte em 14 de dezembro de 1947. É filha da professora Dilma Jane Silva e do engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév, naturalizado brasileiro com o nome de Pedro Rousseff. Seu pai trabalhou na siderúrgica Mannesmann e na construção e venda de imóveis, o que garantiu uma vida confortável para a mulher e os três filhos: o primogênito Igor, Dilma e a caçula Zana Lúcia, morta em 1977.
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