segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lula se diz indignado e nega pressão sobre Mendes por mensalão


 
SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira estar com "um sentimento de indignação" por conta das denúncias de que teria tentado pressionar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para adiar o julgamento do mensalão.

"O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja", disse Lula em nota divulgada por seu instituto no final da tarde desta segunda-feira.

Ex-procurador-geral da República, Antonio Fernando apresentou ao Supremo a denúncia do escândalo do mensalão, deflagrado em 2005 e em que parlamentares receberiam dinheiro em troca de apoio político ao governo no Congresso.

Uma reportagem da edição do último fim de semana da revista Veja afirmou que Mendes relatou à publicação que teria se encontrado com Lula no escritório do ex-ministro da Defesa e ex-presidente do Supremo Nelson Jobim.

De acordo com a revista, Lula teria sugerido ao ministro do STF que ele apoiasse o adiamento do julgamento do mensalão, que deve acontecer nos próximos meses, em troca de proteger Mendes na CPI que investiga as relações do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas.

Isso porque Mendes teria se encontrado com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em Berlim, na Alemanha.

Demóstenes é alvo de processo no Conselho de Ética que pode resultar em sua cassação por conta de suas relações com Cachoeira, que teriam sido flagradas em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e relatadas na imprensa.

Cachoeira está preso desde fevereiro, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais.

De acordo com a nota do Instituto Lula, o ex-presidente visitou Jobim em seu escritório no dia 26 de abril e, na ocasião, Mendes também estava no local. O ex-presidente, no entanto, nega que tenha tentado pressionar Mendes.

"A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público", afirmou a nota.

Nesta segunda-feira, partidos de oposição entraram junto à Procuradoria Geral da República com uma representação para que Lula seja investigado por conta da reportagem de Veja.

Os oposicionistas querem que a PGR determine se o ex-presidente cometeu crimes de corrupção ativa, interferência em processo e tráfico de influência.

(Reportagem de Eduardo Simões)

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